sábado, 18 de junho de 2011

Medeia


A Companhia de Teatro Os Paquidermes apresenta a trgédia grega “Medeia”, da obra de Eurípedes, baseada nas traduções dos helenístas Mário da Gama Kury e Trajano Vieira. Adaptação livre e direção de Júlio Cruccioli. De 10 de junho a 3 de julho, nos teatros Mosaico e Caleidoscópio.
A trama se desenvolve na Grécia Antiga, quando Jasão e Medéia, expulsos de Iolco após a morte de Pélias, vivem em Corinto com seus dois filhos. O rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medéia e se casar com sua filha, a princesa Glauce; para tanto, expulsa Medéia e os dois filhos da cidade. Tomada por ódio, a feiticeira decide se vingar de Jasão, tramando um cruel plano para tirar-lhe tudo.

Antes de Medeia, a tragédia grega existia para mim somente nas aulas de história da arte, mistificada pelos grandes teatros de arena, majestosas colunas e um coro agressivo. Bom, isso tudo mudou quando entrei no teatro Mosaico no sábado, dia 11/06.
É difícil imaginar como um espetáculo tão complexo pode ser tão simples em questão de cenário: cinco bancos e nada mais. A pequena sala escura acomoda poucos lugares e permite uma proximidade quase íntima com a encenação e os atores, que estão posicionados antes que a platéia entre. É necessário passar pelo palco e por entre eles para chegar aos bancos. Um modo diferente, claro, mas interessante de adentrar numa peça.

A atmosfera é tomada por um clima de tensão: batidas de bumbo e uma irritante corneta começam o processo de transição do espectador ao mundo da tragédia grega. O denso coro, que conta com vozes femininas e masculinas, entoa o arrepiante cântico de abertura, cantando em tom de reza. A personagem principal permanece dramaticamente imóvel durante toda a introdução.
Das fortes e enérgicas atuações, destaque para Meny Vieira (Medeia) e suas (verdadeiras) lágrimas que comovem os espectadores. Tamanha é a intensidade da emoção que ela acaba por atingir e penetrar nos espectadores: sentem pena, dor, amor e ódio (Vale levar lenços, eu precisei). Destaque também para Tássia Oliveira, contralto de voz potente que quase sobrepõe o coro nos cânticos e impressiona nas falas pela perfeita dicção.

Assistir Medeia compreende uma experiência sensorial única, quase transcedental, envolvida por suspense e emoções cruas,viscerais. Sem muitos recursos externos e com cenário, figurino e maquiagem extremamente simples, o espetáculo tem seu real destaque revelado através do trabalho dos atores da Companhia, que, além de atuar, também contrubuíram na produção, divulgação, figurino e maquiagem da montagem.

Esta fantástica peça, feita “com as próprias mãos” da companhia, merce duplo mérito, tanto pela execução prática da montagem tanto pelo grande esforço que todos os Paquidermes fizeram para tornar Medeia possível. Este espetáculo representou um divisor de águas para minha visão teatral. Recomendo fortemente.

Leve flores. Eles TODOS merecem.

Contém infanticídio, adultério e assassinato. Aconselhado o controle parental, pois não possui censura.

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