Se eu Pudesse Voltar no Tempo...

Me faço essa bendita indagação todos os dias. E acredito que todos vocês, leitores, já se perguntarem como seria se isso fosse possível... Consertar um erro (ou vários), passar mais tempo com uma pessoa querida, evitar uma briga por um motivo tão bobo...

Se eu pudesse voltar no tempo, começaria no dia 24 de dezembro de 2004 e... jamais abriria aquela maldita e horrorosa foto. Se não fosse por isso, eu não teria brigado tanto com meu pai naquele dia, não teria apanhado e, principalmente, falaria mais do que "oi" e "tchau" com ele nos dois anos seguintes. Possivelmente teria passado aquela noite de Natal com ele em casa, e não teria ido para a casa dos meus tios, não teria me apaixonado pelo meu primo, não teria perdido minha virgindade naquele verão, e minha tia (a mãe dele) não me odiaria até hoje! Teria começado 2005 com mais confiança e foco, não teria ficado tanto de recuperação e não teria levado as pedradas que levei. Assim, de bem com a família, sem traumas e na medida do possível uma boa-aluna, eu entraria no Ensino Médio como uma adolescente normal, que tem pais, espinhas e uma vida feliz. Não teria apostado um namoro numa partida de xadrez, não teria mentido tanto, e, consequentemente, não teria chorado tanto. Possivelmente teria subido com mais vontade naquele palco, e me soltado mais naquela cochia. Teria ido mais à casa da vovó, e teria cuidado melhor das pessoas que amei. Teria passado o dia 7 de setembro de 2006 como uma garota perdidamente apaixonada, e não impedida, como me senti. As coisas seriam mais pacíficas, e eu não perderia tanto tempo sofrendo quando sabia que a felicidade estava bem ali, do meu lado.

Tudo seria diferente se eu fosse mais confiante, menos traumatizada, menos violada, menos depressiva. Se eu fosse... se eu pudesse... Essa questão me tira o sono. E me pergunto, será isso um dia possível? Eu não sei, nem faço idéia!

Mas existem coisas que merecem permanecer intactas. O passado é uma delas. Escrevemos o nosso presente sem pensar que um dia ele será passado, e o passado é permanente como uma cicatriz. É uma marca, uma prova de que você esteve lá e fez.

Eu falo em voltar no tempo, mas se eu voltasse, provavelmente não seria a pessoa que sou hoje. Nunca vou saber se minhas escolhas, se fossem diferentes, me fariam ou não uma pessoa íntegra e com tantas histórias bonitas para contar. Mesmo que eu tenha tomado algumas decisões não muito inteligentes, eu vivi todo o amor que eu tinha pra viver: eu me apaixonei, me entreguei, apanhei, levei pedrada, chorei, cortei os pulsos, enchi a cara, quebrei as regras, quebrei os pratos, quebrei a cara, apostei, me fudi, traí, menti, perdi e desejei tudo.

Mas quando eu penso que estive lá, que conheci pessoas tão maravilhosas, que aprendi a ficar sozinha, a encarar as coisas e que sou tão grata pelos momentos felizes que passei, eu penso: valeu a pena. Sou quem sou graças às alegrias e também às porradas da vida, e não me arrependo de nada. O que importa é que eu disse "eu te amo" a todos que amei. Então, o que mais importa? =) Fui feliz muito mais do que fui triste, e hoje sou feliz muito mais do que sou triste. A vida é muito curta para ser vivida nas sombras, na penumbra e no medo. Por isso eu faço, meio sem pensar, meio loucamente, porque eu sei que um dia eu vou olhar pra trás e ver que, de longe, os momentos bons superam os ruins.

Dizem que é melhor se arrepender de ter feito do que se arrepender de não ter feito. Eu faço. E não me arrependo.

Muito obrigada.