Era uma vez (no mundo da fantasia, claro) um jovem rapaz que como todo Príncipe Encantado possuía o dom de ser simplesmente encantado, além de bonito, bem-vestido, cheiroso e charmoso. Este príncipe de cabelos negros costumava conquistar donzelas com lindas serenatas ao luar, declarações poéticas de amor e romance que só nos é permitido nos contos de fadas. Este Príncipe inexistente, (que meio-cinderela) lavava, passava e cozinhava para sua Princesa, isso tudo de bom grado, sem nunca reclamar. Ah, quantas jovens medievais, antigas, modernas e pós-modernas não sonharam com esse Príncipe, não fizeram promessas a Santo Antônio, esperando o dia em que ele viesse em suas jaquetas de bom corte, seu inseparável Polo Blue e seu contrabaixo Fender, lhes fazer uma serenata que dizia:
"I'm the one who wants to be with you. Deep inside I hope you feel it too
Waiting on the line of grays and blues, just to be the next to be with you"
Um belo dia esse Príncipe andava pela floresta quando encontrou uma enorme e verde ogra. Algo naquele momento foi contra todas as regras do mundo real e dos contos de fadas, e o Príncipe se apaixonou pela criatura grostesca. A ogra o avisou que realeza e tamanha feiúra não combinavam, e que, como criatura de natureza cruel e traiçoeira, o traria mais encrencas que felicidade. Mesmo assim, o destemido Príncipe encarou a ogra e respondeu com um sorriso:
- Estou disposto a correr todos os riscos. Estou completamente apaixonado por você.
Apesar de possuir um coração gelado, a Ogra não pode por muito tempo resistir aos encantos e às provas de amor do Príncipe, e logo passou a amá-lo.
Por muito tempo o Príncipe e a Ogra foram muito felizes, e assim planejavam ser no corriqueiro "para sempre". Foi quando um belo dia a Ogra saiu para caçar fadas na floresta, e não voltou.
O Príncipe partiu em disparada atrás de sua amada. Floresta adentro, teve de enfrentar perigos mortais, até que, enfim, exausto e machucado, avistou uma clareira na floresta. E lá estava sua ogra amada, cercada de ninfas e fadas, dançando embriagada em volta do fogo.
- Meu amor - a Ogra disse - Nós não podemos ficar juntos. Eu lhe disse que não ia dar certo... Meu lugar é aqui na floresta, junto com as outras criaturas. O seu é junto à realeza.
O Príncipe engoliu em seco, e em vão tentou levá-la de volta:
- Mas meu bem, existe uma fada, lembra-se? Se você se transformasse em humana, seria minha Princesa... nos casaríamos e teríamos aqueles lindos filhos dos quais tanto falamos! Volte, meu amor, eu lhe imploro!
A Ogra riu gentilmente:
- Eu te amo. Mas não posso voltar. Nada pode mudar o que sou, e sou uma ogra. Você ainda tem muito o que viver, belo Príncipe, e um dia, há de achar gentil Princesa que o mereça.
O Príncipe compreendeu as palavras da Ogra, mas não se conformou. Triste e fraco, voltou ao castelo prometendo nunca mais voltar à floresta, nem ver a sua amada Ogra novamente.
Invente um final para essa história, caro leitor. Será que destino do Príncipe é mesmo esse? Deve a Ogra retornar ao castelo e tornar-se humana? Você decide.
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